sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Vinhos com a emblemática Pinotage sul africana



This is not a wine for smelling, gargling and writing poetry about,” says Krige. “You drink Pinotage as you like it, when you like it.”

Em época de Copa do Mundo, não poderia deixar de comentar sobre os excelentes vinhos da África do Sul, em especial aqueles elaborados com a uva Pinotage.

Para traçar as origens da vinicultura na África do Sul, é necessário nos deslocarmos até meados do século XVII. Efetivamente, foi em 1659 que um colono holandês cultivou as cepas pela primeira vez, próximo à cidade do Cabo. Desde então, os vinhedos da África do Sul ganharam amplitude, permanecendo concentrados na parte sudoeste do país, na região da Cidade do Cabo, que desfruta de clima mediterrâneo “refrescado” por correntes frias que chegam até os vales fluviais.

Vários marcos históricos relevantes são pontos de referência nesta evolução. Em 1684, por exemplo, foi criado o vinhedo mais célebre do país, berço da vinicultura sul-africana, o domaine de Groot Constantia, cujo vinho licoroso fez a alegria de Napoleão I em exílio em Santa Helena e que, à mesa de Bismarck ou de Louis Philipe, superava o tokay, o madeira e até mesmo o sauternes do Château d'Yquem. Um néctar à base de muscat que, diziam na época, possuía um único defeito: ser produzido em pequeníssimas quantidades.

O segundo marco da história sul-africana está ligado ao exílio dos huguenotes franceses, expulsos de sua pátria após o Édito de Nantes, e que, ao se instalarem no norte e no sul da Cidade do Cabo, deram origem a uma considerável expansão de vinhedos.

Outra data importante: a fundação, em 1918, da KWV, Kooperatieve Wijnbouwers Vereiniging, poderosa cooperativa vinícola estatal que controlou o total da produção até os anos 1990.

Após o fim do apartheid em 1991, e a eleição de Nelson Mandela em 1994, o mercado sul-africano de vinhos pôde, enfim, se abrir para o mundo e
estabelecer relações comerciais com nações que até então boicotavam o país.

Os vinhedos sul-africanos exportam para o mundo inteiro vinhos de qualidade e variedade reconhecidas. Os viticultores, outrora preocupados apenas com a quantidade, tiveram que modificar sua filosofia para obter produtos de maior qualidade. Especial atenção foi dada à uva Pinotage, uma uva emblemática da África do Sul.

Em 1925, um viticultor sul-africano cruzou Pinot Noir com a Hermitage (Cinsault), daí nascendo uma nova variedade: a Pinotage. Essa variedade é genuinamente sul-africana, sendo festejada mundialmente por seus vinhos marcadamente ricos. Mais de 20% dos vinhos tintos sulafricanos é produzido com essa variedade. Esta é uma casta versátil, capaz de produzir vinhos leves para serem bebidos jovens e frescos até os mais estruturados, que envelhecem muito bem em garrafa.

Dica do mês
Kanonkop Pinotage 2007
R$ 118,55 (Mistral)


Nas encostas da Simonsberg, cuja silhueta se desenha a nordeste de Stellenbosch, região demarcada mais conhecida e de maior importância da África do Sul, os vinhedos de Kanonkop proporcionam, em locais mais baixos e protegidos, tintos generosos e bem elaborados, especialmente à base de Pinotage. Este exemplar é encorpado e potente, elaborado pelo melhor e mais premiado produtor de Pinotage do país, com maturação por 15 meses em barricas de carvalho francês de Nerves, sendo 90% novas e 10% de 2° uso.

José Eduardo Vieira de Moraes

Nenhum comentário:

Postar um comentário