terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Tempo de plantar, tempo de colher
Although there are theories that we must be lifelong learners, we all have a limit - a time to reflect and reassess our knowledge.
Eu e Laura somos amigas há mais de 10 anos. Nós nos conhecemos na PUC. No início, parecíamos pessoas muito diferentes. Durante o curso, partilhamos idéias, estudamos juntas, discutimos nossos pontos de vista e, ao final do curso, já me sentia honrada por ter a Laura como amiga.
Há alguns meses, reencontrei Laura. Oferecí-lhe uma carona. Falamos sobre pessoas, vida, um pouco de tudo. Mas o que me marcou foi uma história que ela contou sobre dois ursinhos de pelúcia:
Quando iniciou seus estudos, aos seis anos, ganhou da mãe o Janjão, um ursinho muito bonitinho. O urso acompanhou as mudanças constantes da família e sobreviveu, anos mais tarde, às travessuras de seus próprios filhos.
Pois bem, ano passado Laura esteve na Califórnia, fazendo um módulo de sua especialização. Fazendo um tour pelas lojinhas, olhava distraidamente as vitrines, quando se deparou com um ursinho muito semelhante àquele que ganhara anos atrás. Ela me conta: “Fiquei imobilizada, não parava de olhar o urso, não entendia como um bichinho de pelúcia me chamava tanto a atenção”. Depois de um almoço rápido, voltou à loja e comprou o tal ursinho.
Retornando ao Brasil, ao desfazer as malas, lá estava ele, o novo Janjão, todo amassado em meio a roupas e pacotes. Ao vê-lo, Laura percebeu imediatamente o motivo da reação que o ursinho lhe causara. “É isto! Estou fechando um ciclo, estou me 'formando', finalmente. Ganhei um urso quando comecei a estudar e tenho outro agora, tantos anos depois. É o fim de minha era de aprendizado. Viva!”
Laura percebera que desejava agora apenas ensinar, transmitir conhecimento, compartilhar experiências. Percebeu porque escrever seu primeiro livro infantil lhe trouxe tanto prazer, algo tão especial e tão cheio de significado. A necessidade de colocar no papel sua visão sobre o mundo, vida, pessoas e natureza foi o divisor de águas entre aprender e ensinar.
Embora existam teorias de que devamos ser alunos toda a vida, todos temos um limite, um momento para refletir e reavaliar nosso conhecimento. Laura percebeu isto também. “Cheguei à conclusão de que o ciclo está se fechando, ou se completando e que um processo está sendo concluído. Não é o fim, mas o início de outra fase, apenas isto!”, me conta, toda emocionada.
Também me pergunto se não há projetos ou ciclos que deveriam ser finalizados. Será que não deveríamos parar e reavaliar o quanto estamos colocando de energia em coisas que não deveriam mais tomar nosso tempo?
Enquanto Laura me explicava porque queria dar uma pausa, vi, não uma pessoa cansada, mas alguém com muito fôlego, redirecionando sua energia para desenvolver projetos legais e gratificantes.
Imaginei um navio na linha do horizonte, aparentemente imóvel, mas se você ficar olhando, vai perceber uma manobra leve e suave e algum tempo depois, lá estará ele, completamente virado do lado oposto, bem longe… Mudar o rumo não é uma necessidade, nem falha, mas uma estratégia para você ir atrás do que realmente quer. E isto faz toda a diferença!
Gladis Costa
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