quinta-feira, 17 de março de 2011

Lidando com perdas...


From time to time every human being is convened to dealing with all kinds of losses: the death of someone you love, losing a job, the end of a relationship...

Para efeitos de facilitar este artigo, foco a análise dos processos psíquicos envolvidos ao se lidar com a morte de uma pessoa amada. Mas tenha em mente que, em todas as perdas citadas anteriormente, se instaura um processo de luto, onde alguns aspectos temporários são comuns:
Desligamento do mundo externo: ele não tem mais graça alguma... nada chama a atenção;
Desânimo: uma vontade de se afastar de toda e qualquer atividade corriqueira... nada tem muito sentido;
Perda da capacidade de amar: como se, na adoção de “novos amores”, se estivesse “substituindo” aquele que se foi.
Isto sem falar de diversos outros sentimentos envolvidos... Mas o fato é que, de uma hora para outra, uma pessoa amada, que recebia constantemente investimento emocional, deixa de existir. Mas o investimento emocional propriamente dito não desaparece junto com a pessoa que se foi. A “fábrica” deste investimento continua funcionando forte e constantemente, porém sem ter um destino vivo para esta produção...
Cito Freud: “Em que consiste, portanto, o trabalho que o luto realiza? O teste da realidade revelou que o objeto amado não existe mais, passando a exigir que toda a libido seja retirada de suas ligações com aquele objeto.”
Em outras palavras, como certa vez ouvi de alguém: “o luto é uma gestação ao contrário”. É necessário, em um primeiro momento, aceitar a perda, e então elaborar isto. E, aos poucos, deixar de investir emocionalmente nesta pessoa. É “fácil” falar isso, porém tão difícil de vivenciar, não é mesmo? Inicialmente, a “ausência da pessoa” está muito presente. Neste ponto, há uma tendência natural, muito bem colocada por Melanie Klein: “o indivíduo de luto obtém um grande alívio ao recordar a bondade e as boas qualidades da pessoa que acaba de perder. Isso
se deve em parte ao conforto que sente ao mater seu objeto amado temporariamente idealizado.”
E, muito lentamente - na velocidade subjetiva que os recursos psíquicos que cada sujeito possui permitir - ao ser comprovada pelo teste da realidade que o ser amado não está mais disponível para ser investido, cada uma das expectativas em relação a ele é, então, “desinvestida”. Desligada, por assim dizer. Ou seja, todos os vínculos de investimento emocional são psiquicamente reavaliados. Como resultado deste processo não significa esquecer o ser amado perdido. Não! Não é disto de que se trata! As lembranças e a saudade obviamente permanecem! Mas simplesmente a fábrica de investimentos emocionais deixa de depositar neste ser amado novas e constantes expectativas geradas internamente.
Simultaneamente a este processo de teste de realidade e desinvestimento, o indivíduo vai resgatando aos poucos sua confiança (em si mesmo e no mundo), permitindo-se voltar a perceber que a pessoa perdida não era tão perfeita assim, como foi temporariamente idealizada. Resgata a percepção tanto das virtudes como dos defeitos do ser amado perdido, passando a preservá-lo em seu interior de forma integrada.
Quando o processo de elaboração do luto finaliza com sucesso, a pessoa volta a ficar “livre” para novos investimentos emocionais e novas expectativas em “novos” destinos. Então finalmente o indivíduo fica disponível para novas escolhas. A pessoa volta a perceber o mundo externo, as nuances, volta a apreciar prazeres, a se interessar em investir novamente no que lhe é importante. Volta a querer amar. Se reconcilia com seus desejos!
O luto, apesar de doloroso, é um processo de recuperação natural vivenciado por uma pessoa que sofre uma perda.

Débora Andrade

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