Em uma terra não muito distante, nem tão isolada da nossa, nascia um sol diferente. Ele não iluminava todas as ruas de maneira igual, nem olhava por todos de maneira igual, ele possuía sua própria maneira de olhar para os que ali viviam. Ele os enxergava de acordo sua posição na rua. Nessa terra todos morava na rua, pois não poderiam perder o sol, quando este lhes era concedido. Muitas vezes eles se perguntavam se aquilo, um flash de luz, valeria tanto sacrifício, mas todos aqueles que eram privilegiados se sentiam mais capazes, e ficariam mais horas ali na rua.
Contanto, um dia, um rapaz desafiou a antiga sabedoria, e construiu uma casa em cima do pedaço da rua de sua família. Ele levou algumas semanas, e todos o ridicularizavam pois estava se escondendo da grande verdade. Ele era muito respeitoso, apesar de todo escarcéu que causou o rapaz nada comentou. E após algumas semanas terminou o seu teto. E ali, dentro de sua casa, ele poderia observar aos outros que ficavam em pé através de uma janela. Era interessante, pois existiam algumas famílias que ensinavam seus filhos a não se mexerem, e desde que nasceram estiveram sempre na mesma posição como estátuas, mas de carne e osso. Outros eram nômades, ficavam no máximo uma semana em cada local, pois aprenderam que o sol não é preciso, ele é diverso e roda por diversos lugares. “Um raio não atinge o mesmo local duas vezes sabe?” é o que costumavam dizer ao rapaz. Ele não os caçoava. como tantos outros o fizeram. O rapaz não mexia com ninguém.
Ele era solitário. Muitos o disseram que poderia morrer por isso. Que seria infeliz. Que não estava fazendo o que era certo.
Alguns ainda acreditaram que o rapaz disse que seu modo de vida é o “certo”, e muita conversa foi feita sobre isso. Quando a ele chegou simplesmente respondeu “Não estou certo.”, retrucaram “Mas nós estamos certos, quem é você para enfrentar milhares de anos de cultura? Quem é você para questionar aquilo que foi escrito nas estrelas?”
Então o rapaz respirou e concluiu “Como você sabe o que esta escrito nas estrelas? Como você é capaz de ler aquilo que, desde que existimos nunca vimos?" Ou o senhor por acaso já viu a noite?”. A pergunta ecoou como um silencioso disparo dentro de um tanque, até o momento em que atinge o vidro.
Nasceu então, no fim daquele dia a lua e as estrelas. As ruas passaram a serem chamadas de casa, e os terrenos baldios deram local as mais estranhas moradias, aonde algumas pessoas ainda procuravam uma benção nos céus, mas agora não se curvavam à ela.
Acorde novo ano, não nos deixe dormir dentro daquilo que é certo. Apareça com a dúvida que nos faz progredir.
Marcelo Innocencio
Personal Tutor - WSI Itaim
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