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sexta-feira, 13 de maio de 2011

Você é empreendedor da sua própria vida?


There will always be (emotional) costs when it comes to holding yourself to your own desire.

Todos os anos, a Endeavor Brasil convida o mercado a engajar-se em um movimento mundial cujo objetivo é "desenvolver ações que promovam o empreendedorismo no Brasil, via Semana Global de Empreendedorismo, e que possam mobilizar, informar, inspirar e disseminar o tema para a sociedade.”
Em parceria com o Wall Street Institute, o Projeto Instigar realizou um workshop utilizando a psicanálise como alicerce para discutir os diversos aspectos psíquicos envolvidos em empreendedorismo.
Porém, muito mais interessante do que traçar um perfil genérico sobre empreendedores, o objetivo foi instigar os participantes para que se apropriassem dos seus recursos e ferramentais internos para empreenderem não apenas o seu plano de negócio, mas principalmente a sua própria vida. Leia neste artigo alguns aspectos psíquicos envolvidos.
A primeira reflexão está relacionada à capacidade de entrar em contato com o próprio desejo, fugindo das demandas impostas pelo mercado, grupos familiares e sociais em que está inserido. O mercado inteiro pode ser constantemente pressionado a decolar em aviões super sônicos, mas talvez você deseje decolar em um balão de ar quente, e navegar ao sabor do vento...
A segunda reflexão está relacionada à capacidade de fazer uma importante distinção entre desejos e ilusões, compreendendo até que ponto ambos estão sob a influência de idealizações e mitos. Você realmente deseja "algo" ou está se iludindo, acreditando que quando conseguir atingir este "algo" estará finalmente livre das diversas pressões às quais está submetido hoje em dia? E até que ponto o seu desejo está ancorado em ingênuas idealizações?
Digamos que o seu desejo realmente esteja no sentido contrário do senso comum e que você deseje decolar em um balão de ar quente. A reflexão seguinte é: qual é a sua capacidade de sustentar o seu desejo? Lembre-se que sempre há custos (emocionais!) envolvidos em sustentar o próprio desejo, usualmente relacionados à importância e ao peso do olhar do outro: como é a sua capacidade de receber críticas, sem se deixar afetar por isto? Os critérios e referências que você usa são internos, externos ou um equilíbrio saudável entre ambos?
Talvez o aspecto psíquico mais essencial relacionado ao empreendedorismo seja a capacidade de tolerar frustrações ou, se emprestarmos o termo da física, resiliência: “Propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora duma deformação elástica”. Sob o ponto de vista psicanalítico, não estamos falando somente sobre como se recuperar de uma frustração, mas sim como efetivamente aprender com esta experiência, transformando a forma de se lidar com novas situações frustrantes que virão no decorrer da vida. É a partir desta capacidade de transformação que torna-se possível estabelecer um processo de pensamento criativo.
Transformar desejos e sonhos em planos exige não apenas esforço e trabalho intelectual e financeiro, mas também investimento emocional para lidar de forma saudável com as diferentes adversidades inerentes ao processo de empreender.
Independente se VOCÊ deseja decolar em um avião super sônico ou em um balão de ar quente, lembre-se de que navegar é preciso!

Débora Andrade

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Como você lida com a sua ansiedade?

Why has Brazilian population increased the use of black belt medicine against anxiety as Rivotril? How do YOU deal with your anxiety?

Considerando a experiência clínica dos últimos anos, é comum observar que a ansiedade está entre uma das queixas mais frequentes daqueles que buscam o tratamento psicanalítico. Até mesmo para quem não é especialista nesta área, não há nenhuma novidade em relação a isto.

Porém recentemente tive acesso a este dado quantitativo: o Rivotril (remédio contra a ansiedade) é o segundo remédio mais vendido no Brasil, perdendo apenas para uma marca de anticoncepcional. (Fonte: IMS Health, publicada na revista Época em Fev/2009)

Este dado é alarmante!

Certamente há casos muito graves em que o grau de ansiedade é tão elevado que quase impossibilita que as pessoas consigam minimamente se organizarem frente as suas vidas, nas quais ansiolíticos são um coadjuvante importante.

Porém, não me parece ser exatamente este o caso de todas as pessoas participantes desta triste estatística. Quantas destas pessoas não apelam para o uso de ansiolíticos apenas como uma “fuga”, pelo simples fato de não estarem dispostas a lidar com as dificuldades inerentes do seu dia a dia?

O artigo da revista Época levanta hipóteses interessantes para explicar este fenômeno, mas meu interesse aqui é questionar como você se coloca frente a isto: Como VOCÊ lida com a SUA ansiedade?

Além dos sintomas físicos como insônia, alterações do apetite, taquicardia, respiração ofegante, tremores, sudorese, sensação de vertigem, impaciência etc. Em termos leigos, podemos dizer que a ansiedade envolve uma intensa preocupação com o que está por vir... o que está por acontecer... através da aceleração do pensamento, se “pré-ocupando” com todos os fechamentos e consequências possíveis para aquela situação.
Você se identificou com esta descrição?

Na perspectiva psicanalítica, o foco de interesse não reside em minimizar tais sintomas, e sim na investigação e elaboração da causa raiz da questão.

Quais são as situações de vida que você está submetido que estão gerando ansiedade? Quais são os riscos e os medos relacionados aos possíveis desfechos destas situações? Quais são as reais dificuldades em se lidar com estes riscos? Em outras palavras, quais são os conflitos psíquicos inconscientes envolvidos nestas situações que geram ansiedade?

Sem tratar estas questões, o uso de ansiolíticos é apenas um paliativo temporário, um “atalho”, para tentar eliminar sintomas. Mas o que acontece ao se suspender a medicação sem ter trabalhado a “causa raiz” psíquica do problema? A cada nova situação estressante, a ansiedade volta!

Independente do método usado, o essencial é que a pessoa se implique no seu processo de evolução. Ou seja: se comprometa a realizar um trabalho psíquico. Neste sentido, o objetivo da terapia é auxiliar na criação e fortalecimento de ferramental psíquico que possa ser acionado e utilizado em novas situações estressantes de vida que certamente estão por vir. Permitindo, desta forma, que se encare as novas situações por ângulos distintos e de forma menos sofrida, consequentemente, reduzindo a ansiedade. Para isto, é necessário, acima de tudo, disponibilidade para um investimento emocional.

E você? Quer apenas eliminar sintomas? Ou quer desenvolver ferramental psíquico para lidar de forma menos sofrida com novas situações que podem gerar ansiedade?

Débora Andrade

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

"O que é que estou fazendo aqui? De novo me meti nisso?"

We are the result of uncountable decisions we make throughout our lives. Are you satisfied with your choices?

Quantas vezes você já se perguntou isto?

É como a armadilha pessoal do português: Diariamente ele faz o mesmo trajeto. Porém, certa vez, ele escorregou numa casca de banana e caiu no chão. No dia seguinte, havia outra casca de banana exatamente no mesmo lugar, e novamente este escorregou e caiu. No terceiro dia, já mais esperto... percebeu de longe que havia uma nova casca de banana e, antes mesmo de chegar lá, pensou: “Mas que chato! Novamente vou escorregar e cair!”.

Você já foi protagonista desta anedota?

Exemplos clássicos estão no campo amoroso: pense no cônjuge, filho, mãe, pai, trabalho, ou mesmo uma atividade que ame muito e exemplos de armadilhas pessoais aflorarão.

Mas por que, mesmo existindo diversas opções frente àquela situação, escolhemos escorregar e cair novamente?

Repetir o que foi prazeroso é interessante. Mas por que repetir algo que gera sofrimento?

Por mais estranho que pareça, há um sentido inconsciente nestas repetições. É deste estudo, afinal, que se trata a psicanálise. A compulsão à repetição é uma tendência natural, e até conservadora, de retornar ao conforto de um porto seguro. Mesmo que a permanência no porto seja dolorosa.

Outras vezes, posterga-se indefinidamente o momento de tomar uma decisão. Talvez porque se tenha a ilusão de que, enquanto se está em cima do muro, as diversas opções relacionadas a esta escolha permanecem como potenciais disponíveis. Afinal de contas, quando se escolhe uma das opções, simultaneamente se está abdicando de todas as demais...

Você já parou para pensar que a omissão é, intrinsecamente, delegar que os outros tomem decisões para a sua vida? Depois não adianta posicionar-se como vítima.

Quais são os medos em implicar-se nas próprias escolhas? Será o medo da frustração?
Pois bem, se acontecer (e, mais cedo ou mais tarde, vai acontecer!), sempre existirá a possibilidade de transformação.

Algumas pessoas tentam fugir a todo custo das frustrações, refugiando-se em ilusões. Outras, tomam como oportunidade para colocar em prática o pensamento criativo. A escolha é sua!

Ou será o medo da “mudança catastrófica”? Sabe quando o equilíbrio na engrenagem de uma situação que está precariamente funcionando é tão tênue que, se for modificado um único e pequeno aspecto, por efeito dominó, todos os demais são afetados?

Talvez seja o velho apego à zona de conforto, ou o medo do desconhecido.

Ou será o medo de decepcionar quem eu amo? Ou o medo de me tornar parecido com quem eu odeio? Inconscientemente colecionamos cópias e oposições de pequenos aspectos das pessoas com quem nos identificamos: um traço, uma atitude, ou até mesmo a responsabilidade pela concretização de um sonho.

Seria interessante o desafio de nos desfazermos de todas as escolhas que fizemos na vida, em função de identificações... Pode até ser mais confortável reconhecer-se apenas no eu refletido no espelho das identificações. Porém, não há porque temer esta nova faceta do eu que emerge após o exercício.

Uma vez despindo-se destas identificações, e permitindo revelar a sua verdadeira essência, você manteria as mesmas escolhas que fez na vida?

Talvez, a partir deste processo de apropriar-se de suas verdades pessoais, seja mais viável e menos doloroso fazer escolhas diferentes. Evitando, assim, o sofrimento de voltar a escorregar em cascas de banana que se encontram em algumas esquinas da vida.

Débora Andrade